sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

trânsito

a morte vive pra sempre,
não é irônico?
e aí ela causa saudade.
e saudade de morte,
é também uma coisa que vive pra sempre.
não é conveniente?
e então vem a tristeza.
e quanto mais feliz é ela,
mais triste é você.
não é irritante?
e quanto mais feliz é você,
menos você lembra da morte,
e mais você convive bem com a saudade.
e a tristeza fica triste, e a morte fica morta.
até tudo voltar, é claro.
e qual é o propósito disso?


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

nos dói

acho que o mais difícil na vida,
é saber que enquanto você cresce as outras pessoas crescem também.
É ter que chegar um dia,
que algumas andam mais rápido que você,
e aí não enxergar mais.
E também lembrar, e lembrar, porque só resta isso.
acho que o mais difícil da vida é aceitar que até você ir,
muitas outras irão na sua frente,
às vezes correndo, às vezes te acompanhando,
às vezes sumindo, e às vezes voltando.
a às vezes esse é o propósito dela, da vida.

Quer saber de que jeito a gente vai andar com ela.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

fim de semestre

com grande certeza posso dizer,
que para esse fim de semestre,
invariavelmente,
passo dias sim, dias não,
entre um corpo vivo e um corpo morto.
ontem eu era um peso, uma dor,
uma tristeza e conformação.
hoje eu vivo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

é difícil

calma criança,
você tem mais algumas décadas pela frente,
mas não precisa envelhecer.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

eu sei quando eu sinto medo porque o meu coração bate mais rápido e minha voz some.
e é só eu que sinto.
mas não é só meu.
é seu também!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

e foi assim:
ela pensou, 'por que não posso largar isso aqui do meu lado, e isso continuará flutuando comigo, ao meu ladinho, sem esforço, nem meu, nem disso, nem de ninguém"

mas olha o que deu na Terra.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

salada de frutas

eu queria muito escrever sobre o que eu estou sentindo agora.
mas a cada minuto que passa isso muda um pouquinho.
e aí não sei sobre qual escrever!
só que no final das contas,
de todos incômodos que você pode sentir,
qual a linha fininha que separa?
acho que talvez ela nem exista, e ficamos criando adjetivos pra amenizar ou piorar a situação.
a questão é que pensei em muitos já,
e já senti muitos,
e já cansei de todos nesse momento.
e,
ao que realmente devemos dar atenção,
mas deixamos de lado por ele ser assim tão discreto,
é aquele que nos acomoda no sofá,
nos relaxa o corpo quase inteiro,
e nos angustia na garganta pra que notemos sua presença.
não sei o nome dele.
e por isso mesmo que ele é tão maior do que eu gostaria.


domingo, 17 de outubro de 2010

foi a luz que piscou ou meu cérebro que cansou de pensar por um segundo?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

mesmo se nunca soubermos

pode ser que isso não seja nem um pouco sério,
e pode ser que daqui retornaremos ao pó,
seremos pó,
e só,
pra sempre depois de morrer.

mas eu acredito piamente que algum dia,
não nestes que aqui estamos,
eu conheci você,
e você,
e você,
e você.




terça-feira, 5 de outubro de 2010

são meus cabelos ficando brancos,
ou minhas idéias que estão envelhecendo?

domingo, 3 de outubro de 2010

hoje votaremos mais um vez

talvez a monotonia não fosse dela.
e talvez a gula também não.
acho que era um problema desse novo século,
parado, e faminto por voz.

todo mundo já se acomodou de novo.

sábado, 25 de setembro de 2010

pegou o pincel

e aí que nela despertou um bloquinho de concreto bem estranho entre as costelas,
que com certeza era um desafio promovido pelos dois partidos vividos dentro dela.
e simplesmente deixar aquilo ir embora,
seria uma falta imensa de consideração com os seus sentimentos,
tão afoitos, presentes, cientes, e ansiosos.
ainda bem que foi sensata,
e nomeou cada um de uma cor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

o desespero do dia.

o nosso tempo certamente não é mais como o dos nossos pais.
não somos como os nossos pais.
estamos vivendo o futuro pelo presente, e o nosso presente não é mais que um constante passado.
aonde vamos parar com isso?
você não sente um desespero?
uma ansiedade inquietante e ao mesmo tempo tão ociosa, capaz de fazer nada?
uma vontade de gritar - pra si mesmo - e começar todas aquelas coisas de segunda-feira!
e as crianças?
o que serão das crianças?
e eu ainda sou uma criança!
então o que eu sou realmente?
uma folhinha de papel bem fininha e transparente?
e o pião, a pipa, e o pneu de balanço?
Elas não conhecem.
caracoles!


domingo, 19 de setembro de 2010

os cute-cutes

uma girafa bem pescoçuda e fofa me lembrou como era fechar os olhos e dormir.
assim como o pintinho gigante e vaca-dálmata.
Um zoológico na minha cabeça.
Mas de fato, animal.

um quadro-negro

Ali havia uma casa com as janelas de vidro abaixadas.
Só entrava luz e não se trocava o ar.
Era a tevê dela.
Era o que era ela.
(Penteava seu cabelo cem vezes antes de dormir.)

Mas de repente, chegou um passarinho, que bicava sua janela.
Pedia pra entrar, pois o vento estava muito forte.
E lá ela já tinha sentido o ar?

A passarinha fez seu ninho, muito bem feito como faziam por ali,
botou 3 ovos, cada um de um jeitinho.
Assim que quebrasse o primeiro por mera coincidência e fatalidade,
a menina saberia o que era vendaval. (Seria horrível, piou).
Assustada, ficou 5 meses de cama.
Disse: Machuquei, me estrepei, e sequer me encostei!

Quando caiu o segundo, por 'descuido de minha asa',
soube então o que era chuva.
Balançada, achava os olhos indecisos.
Um pouco dramáticos. É verdade.

E assim que me trouxe o terceiro,
num prato limpo e arrumado,
quase um espatife organizado,
soube então o que era brisa.

Seus cabelos já se arrumavam sozinhos.
Sua janela era aberta de manhã.
E a casa permaneceu desarrumada.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Praquepá

Há 600 dias, eu decidi que deixaria o capim crescer.
Olhava a minha estrada, e a cada semana, sentia meu pé pinicar.
Gostava de ver.
E nem sabia o porquê!
Esperando pelo o que eu não sabia também,
senti um não-desespero bem acomodado.
Até que, sentada no meu banquinho, no meu círculo de mato,
senti uma tremidinha na terra.
Não era do coração, era da terra!
E aí dei espaço para aquela árvore imensa crescer sobre os meus ombros,
e me levar para o céu.
Quando subi me dei conta, de quantas estradas o capim tinha obrigado formar.
E agora, era só escolher.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ai, o sustento.

ontem,
a chuva veio e lamentou o dia.
hoje,
o sol nasceu e iluminou a tarde.
e à noite,
como toda noite sempre acontece,
veio ontem,
e vem hoje,
pra me pôr pra dormir.

porém,
como se a atmosfera empurrasse todas notícias para os meus joelhos,
sinto eles acordados demais pra poder me deitar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

meus dentes hoje resolveram guardar todas notícias no céu da minha boca.
aí eu respirei.
e me sinto levemente cabeçuda.
hoje é de novo mais um dia seco.
minha piscina ainda está suja
lavar o cabelo e matar o tênis?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sabe-se lá como isso aconteceu!

segundo os especialistas,
havia milhões de particulinhas, e bum!
explodiu - lentamente ? - e aqui estamos nós.

segundo os cristãos,
ela foi criada,
por Ele quem a criou,
e em 7 dias,
tchan! aqui nos criamos.

mas ultimamente,
depois do que vi, pensei e sonhei,
penso que tudo começou saudavelmente,
até que alguém,
num ato inesperado de frente para um castelo de cartas,
espirrou.

saúde!

saquinho-surpresa

Hoje,
a solidão com sua roupinha comportada,
feita de terninhos e sapatinhos,
bateu em minha porta e entrou pra tomar um chá.
Enquanto tomava junto com ela,
um bem gostoso de alguma planta verde,
a escutava comentando sobre todos os retratos que existiam na minha sala.
Surpreendentemente,
ela me fazia lembrar, ou acreditar, que eram de fato, apenas retratos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mariazinha caminhava alegremente pela rua quando viu que ao lado dela, as pessoas andavam bem mais rápido. A vida estava mais rápida, concluiu, e era por isso que estavam apressados.
Decidiu começar a andar de bicicleta.
Mariazinha pedalava com tanta felicidade, principalmente quando o vento batia na sua cara e sentia-se como um passarinho, só que ao seu lado, de novo, passavam carros, e eles eram tão mais rápidos.
Era a vida de novo!
Decidiu comprar um carro.
Mariazinha dirigia cantando, pois sentia que quem canta realmente seus males espanta. Mas eram tantas buzinas bravas e surdas e desnecessárias, que não entendia mais o sentido de andar rápido.
E continuou sem entender.
Até que um dia, abriu a porta do carro e se jogou, pra rolar até o primeiro pedaço de grama.
Ficou deitada por exatamente 3 horas lá, tentando escutar o coração da terra e assim entender o seu.
No começo não ouvia nada,
mas no final, entendeu.
Sentiu-se triste no começo, e angustiada que fosse assim.
E foi preciso descalçar os sapatos, soltar os cabelos, e chorar um pouco.
Maria subiu sobre os joelhos, e voltou a apenas andar.







quarta-feira, 18 de agosto de 2010

o último resquício do dia, que eu guardava para acordar amanhã, simplesmente desapareceu enquanto comia uma comida que devia ser muito boa, mas que não era mais.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

e continuando sobre os pés

quanto mais juntos os joelhos ficam da cabeça.
menos sozinhos eles se sentem.
como uma família no escuro,
mas sem velas nem sombras.
Somente os dedos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

sobre seus pés no calor

o bom mesmo, nesse calor de inverno, é deitar bem esticada, e colocar os dois pés pra cima.

só assim, vendo seus dedos todos de baixo, olhando com aquela gracinha misteriosa pra você,
é que você se dá conta do quanto eles são capazes.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

E isso tudo é só medo das pessoas minha filha.
Mas não pense que é só se trancar!
Temos que esconder todos os espelhos também.

As meninas

As duas velhinhas cheias de excentricidades que sempre me visitavam quando a casa estava cheia, olharam bem a fundo de novo dentro das minhas pupilas, e fitaram por mais tempo que o comum.
Depois de cochicharem uma à outra, decidiram que melhor mesmo, seria separar os meus olhos do mar de pessoas. Se cada uma estava em seu próprio barquinho, assim que eu não visse mais nada, acharia que também tinha um.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

baú

O que eu sinto assim, é um sopro.
Um vento muito fino, e leve, que ultrapassa o cabelo por debaixo da orelha;
Um suspiro seco, que atravessa a minha coluna;
E uma voz baixinha, sempre presente no meu ombro.
Ela recita poesias de desespero,
canções de ninar,
e perguntas, cada vez mais retóricas.
Me acolhe quando não quero,
me abraça respirando por mim,
me afoga no piso mais próximo.
Por mais que eu tente agradá-la,
ambas sabemos que nenhum carinho poderá ajudar.
Todas explicações sempre voltarão a mim mesma.
O seu sal, serão meus olhos,
e aquela brisa,
sempre passará por baixo da porta trancada.



domingo, 1 de agosto de 2010

era bonito

Tem vezes que a gente caminha tão pra trás,
que nem sabe direito como era longe esses dois lugares.
Só sabe que o tempo voou,
que a vida correu,
e que as árvores morreram
(porque ninguém mais conta primaveras).

Você era uma criança que corria,
que sentia,
que vivia,
e que sabia.
Sabia muito mais do que sabemos hoje em dia.
E ao sentir, sabia o quanto era simples.
Por que exatamente a gente cresce,
se junto com a gente só cresce coisa ruim ?

Eu queria era ficar por ali,
salva pelos anos,
pela falta de tamanho,
pelo excesso de esperança,
e de mim mesma aqui,
assim,
agora.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

az

Agora, buscando com desdém enquanto fazia garoar hermeticamente, ignorava jovens luvas, mas não os pés! Quando rapaz, sabia tirar uma, várias, xises, zilhões!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O céu tão branco,
e ao longe, branco,
e na cabeça, branca,
branco, branco, branca.

mas então passa um passarinho,
voando,
tão rápido!,
que corta aquela espessa camada de fios brancos e aí se faz novamente a lucidez.

e ele nem acreditou quando voltou a enxergar de novo!
um alívio, que nem lhe cabia.

mesmo que o céu estivesse nublado.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

3 pedidos

Ela vem vindo ali,
com uma fita branquinha do bonfim,
trançada como quem enfim,
não tem fim nem começo pra levar,
os pedidos que fez já faz um mês,
completando os três anos pra pensar,
no que viria ser então,
uma prece pro próprio coração.

Disse que são,
pra lhe falar,
do seu destino.
Mas quem vai empurrar,
seu barco no mar,
só com o assovio.

(Quem me levará?)

É uma onda grande.

Ela vem afastada,
passa por cima,
joga-se sem nem pedir licença,
e causa espanto,
sufoco,
e deixa os olhos ardendo.
É água com sal, que cura e renova.

E dentro da cumbuca,
tinha esse conjunto de lágrimas,
que só quem era muito esperto não punha a mão.
Uma vez lá,
era preciso largar tudo pra não se molhar.





quinta-feira, 15 de julho de 2010

tem horas (que duram um segundo), que ninguém sabe o que aconteceu, mas aconteceu.
tem alguns minutos (que duram horas), que todo mundo tenta achar explicação, e acha.
Mais de três.

e enquanto os segundos passam lentos e dolorosos,
e a nuca sente o chão,
é realmente deliciosa a idéia de dormir,
e acordar.

Ah, stephanie meyer.

A primeira foi sorte,
a segunda esperança,
e a terceira... Tão terceira.

né.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

sai!

decidi que já tendo que me preocupar com devastações, queimadas, aquecimentos, doenças, sequestros, goleiros, cidades crescendo demais, crianças crescendo demais, comidas crescendo demais, egoísmos, invejas, desprezos, mentiras, e mercados de ações, e mercados de comida, e mercados de trabalho, ruas lotadas, apertadas, cheias de fumaça. Fumaça no pulmão, no ar, no rio, na cabeça, no futuro, sacolinhas de plástico, garrafas pet, lixo eletrônico, lixo espacial, lixo sonoro, lixo visual, bichos tratados como lixo e pessoas tratadas como bichos, e aquele que não bebe, e aquele que não come. O que não vê porque não quer ver, o que não escuta porque não quer escutar, e o que fala o que não quer ouvir. Crianças obesas, estressadas, abandonadas, que gritam demais, que brincam de menos, e programas ruins, e músicas ruins, e elas especialmente cada vez mais ruins, então falta esperança, novidades, criatividade, e personalidade, e ai... Como cansa.

então decidi que não vou mais me preocupar com ets.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

are you really here

pãpan ra pã
pãpann pã pâ
pan pan
pâ pâ
pã pã
(...)

na nãã-a- áá - á ãn
na ná nã
nanãn
ná nãn
não não

take this sinking boat.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A noiva.

correu por sua vida inteira,
e só parou, quando na frente da loja de ternos,
sentiu pela primeira vez a bochecha corar.

e a milhares de quilômetros de distância,
alguém notava a falta de um manequim.

domingo, 27 de junho de 2010

onde vivem os monstros

tem certas coisas que não deveriam chegar no ouvido das crianças.
certas coisas que não deveriam chegar no ouvido de ninguém!
e aí essas coisas nunca existiriam
então nunca precisaria disso tudo pra ninguém ouvir
e tudo certo seria então.

porque eu acho realmente muito injusto um monstro chorar.



sábado, 26 de junho de 2010

o amor

Tem um pedacinho do coração que a gente mexe e a terra dá uma tremidinha, fazendo com que todos a sua volta sintam também.
E assim, todo mundo sente vontade de dar uma tremidinha.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

oh madrugada infiel

e mesmo sabendo que deveria fazer o que a razão geral lhe confiava mais argumentos,
decidiu que ia dormir.
tendo lido kant, ou não.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

as que salvam

é só entender que o mundo é tão maior,
e as pequenas porcentagens podem fazer algum sentido.
esperançosamente, quero dizer.


domingo, 20 de junho de 2010

e depois que ele guardou os seus olhos na caixa de tintas

tendo só o coração,
resolveu que faltando os meios de expressão suficientes para mostrar que ainda o tinha,
enterrou-o junto com a árvore mais alta do mundo dele,
e assim que todo o seu sangue se misturasse com a vontade de ir cada vez mais alto,
iria!

pra mostrar que é assim, você simplesmente vai.
e quando chegasse lá no alto,
aproveitaria pra respirar fundo,
e expirar.

essa é realmente a melhor sensação do mundo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

o que ficou cego

Tinha esse menino.
E tinham vários outros meninos pelo mundo inteiro, mas naquele momento,
era só ele.
Um dia ele ouviu uma briga dos pais,
e resolveu tirar as orelhas.
Guardou dentro do piano pra ficarem bem confortáveis.
Mas quando saiu na rua no outro dia,
sentiu um cheiro insuportável.
Esgoto, bicho morto, lixo. Não sabia o que era!
Coitado do homem dormindo na rua.
Eca, tirou o nariz.
Deixou ele entre os livros antigos, porque o passado parecia tão melhor.
Dois dias depois, quando se acostumou com o silêncio,
percebeu que sem o nariz não sentia o gosto.
E as comidas da casa dele nem eram da casa dele.
E as palavras que só antes ele escutava, nem agora ele as tinha mais.
Tirou a boca e guardou num pote cheio de flores.
Das bem macias.
Assim que guardou, foi olhar a paisagem (era só isso que podia fazer),
mas o homem ainda estava lá.
E ninguém tentava acordá-lo?
Fechou os olhos. Abriu. Piscou.
Olhou pro céu.
E foi ver tv.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

eu não quero conversar sobre isso

porque as pessoas insistem em ter contato quando certamente o tempo mostra que ele mesmo vai resolver isso?
deixa eu ser individualista
prepotente
egoísta
e centrada no meu próprio umbigo.
não é essa, a frescura afinal?







mentira.
eu acho a conversa bem essencial para a humanidade toda.
só não agora, ok.

domingo, 13 de junho de 2010

o blog me enganou. quero o meu antigo. detesto layouts.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

eu acho que todo mundo precisa de férias na verdade.

pra sentir o tempo passando a toa.
e deixar passar.
eu não quero descontar em ninguém o que na verdade deveria ser descontado nos dias que voam agora.
e eu não quero descontar em ninguém algo que é obviamente problema do meu relógio.
e se por acaso veio assim,
as palavras saindo da minha boca sem nem ao menos sorrir e se apresentar,
peço que embaralhem suas letras e se expliquem,
rapidamente.
detesto delongas.
detesto o fato de ser assim enquanto século 21, tão 21.
não tenho ritmo, nem animação e nem critério pra classificá-lo.
meus bolsos estão completamente vazios:
meus lenços eu já usei,
e meus documentos já não me representam mais.

eu estou assim, vazia.
cheia de ar.

domingo, 23 de maio de 2010

a morte poética

ele comprou sapatos para a vida inteira.
e agora,
estava no seu último par.

tropeço

Tentei enfrentar.
Mas, mesmo assim, subindo na escada mais alta,
no final das contas, decidi descer.
E o cabelo enroscou na escova,
e o cadarço desamarrou.
E todas as folhas se espalharam pela grama, porque aquele vento só serviu pra bagunçá-las.
E agora? O que realmente resta se não desabar por dentro?
Acompanhar o som, porque uma hora ele acaba?
E saber que ele não é seu, assim como o que resta no seu copo?

Não sei.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

e agora?

minha vida numa metáfora de montanha-russa.
e parque de diversões me enjoa, sabe.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Duas velhinhas bem excêntricas - do tipo que eu seria um dia - olharam pra dentro das minhas pupilas e disseram que eram diferentes de todas que já tinham visto. Não compararam com jaboticabinhas, muito menos com um feijão.
Só predizeram minha mania de torná-las pequenas demais para não entrar luz.

Eu gosto mais do passado

Ou isso,
ou a minha felicidade está equivocada.

domingo, 16 de maio de 2010

ó paradigma

é assim:
você pega um pouquinho de experiência,
depois um pouquinho de coragem,
e mais um tantão de visão de fora.
mexe.

aí, no outro pote, você põe vários pedaços de tempo,
mais um tanto de tempo desperdiçado.
compara e tira a diferença.

depois finalmente,
você mistura os dois,
e então joga um tiquinho de amor e futuro.
obs: se o amor ao futuro estiver muito pouco, joga mais um tanto de visão de fora,
ou quem sabe experiência.

pronto.
você está livre do que você mesmo criou.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

postar um comentário:

é.
adoro lapsos.
mas tenho medo de quando não vêm de mim
uma coisa meio humana né?
meio praga...

Se eu levanto ou não a minha sobrancelha, decido após esse título gigante

Sabendo assim por qual me veio de uma maneira um tanto quanto constrangedora ( não para mim) soube que por mais que as teias peguem cada poeira por quem lhes passa, eu sou aquela que o sol leva para bem longe de tais lençóis.
Não sabendo exatamente qual o meu direito de aqui estar, sinto-me assim bem dividida por não entender porque o tem de ser desse jeito.
Lutando e usando a força que tenho - não física - tento abrir um caminho que não o da escrita. Não adianta, e então venho.
E me desmancho.

Me desmancho porque a tangente me joga longe.
Porque a linha tênue que me separa, não é tão tênue assim.
E talvez, porque por mais que eu tente ficar inteira, já entendi que não consigo.
E em pedaços talvez, eu me reconstrua mais de mil vezes, e assim em várias caras posso decidir quais olhares lançar;
Qual sobrancelha levantar;
Qual sorriso esboçar.
Tal qual, o passado.



sexta-feira, 7 de maio de 2010

O subconsciente

O subconsciente é uma coisa engraçada.
Ele é tão mais consciente do que pensamos,
e está tão mais presente do que queremos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

e se eu tenho um cabelo colorido é só eu que vejo

Assim como ele - por quem tive grande devoção - me senti com os tantos palmos acima de mim.
Não sei se por ele ser ele, ou por ele ser eu.
Sei que senti um aperto na cabeça,
e tudo - tudo sim, mas não sei o que - queria sair dali, mas simplesmente não podia.
Então pus o chapéu, pra tampar.
Se eu tirar ele agora, hão de achar que é dita e feita a analogia. Porque afinal de contas, só assim é possível.
E se eu não tirar, e resolver com boa vontade - que me é tirada de pouquinho em pouquinho - a explicar o que há dentro dele, ninguém vai acreditar, porque ninguém mais usa chapéu.
(porque ninguém mais usa chapéu?)
É tão difícil por na cabeça (que o que há dentro da cabeça é você quem faz) ?
Não é um peso, nem uma massa, nem folhas de papel com dificuldade de falsificação.
É você.

Mas tudo bem.
É por isso que as pessoas apodrecem e morrem por dentro.
Porque acharam o que elas precisam só tem lá fora,
mas nem sequer olharam pra ver.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

hoje eu sei, que de todas as perdas que eu já tive,
a maior foi a panqueca.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

descalço

você já sentiu sua alma se elevar?
dura menos de um segundo,
e por um momento você sente o sono consciente.
Até que ela te entrega de volta,
com todo o seu coração aberto,
e pronto para o relógio mastigar.

Sem pé, não sente o chão,
e não sabe como andar;
como quem não sabe sentir,
por não saber separar.

Ando descalça,
por ter desaprendido a amarrar o tênis.


sexta-feira, 16 de abril de 2010

preciso de mais vida pra entender tudo isso.

terça-feira, 13 de abril de 2010

nada não

És solidão,
és multidão,
é a existência da nossa paixão;
Pela vida, pela idade, pelo medo de perder o medo.
Medo você só perde com os anos.
Que passam e destroem o instante decisivo (ou não).
Que passou agora.
E daqui a cinco minutos, sentando à mesa, e orando à si mesmo, passará de novo.
Mas ninguém ouve.
Ninguém sabe porque, porque ninguém sabe.
Ninguém sabe ouvir.
E é tanto...

Oh solidão,
és multidão,
é a existência da nossa própria paixão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

morte questão 2

decidi.
não me cremem,
não me enterrem,
não me embalsamem ou parafinem qualquer parte do meu corpo.

eu só quero sempre flores.

quinta-feira, 25 de março de 2010

só um pio

eu fico assim,
nesse jeito nesse jeito nesse jeito
e falo demais
e penso demais
e depois desisto de ser o que sou.
e resolvo ser nada pra melhor me entender, e aos outros.
me anulo, e não sei o que achar.
a peneira menos fina que posso suportar.
ainda sou a mesma,
espero ter alma de criança,
e suportes de adulto.
adoro o oculto, pela segurança que traz.
ser o que quiser,
sem precisar pestanejar.
vou assim então,
que nem um passarinho,
viajar, e voltar ao ninho.

Se ele ainda estiver lá.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

chuvinha

já tentou escrever o som que ela faz?
quase impossível.
e não é ping.

qual o som do peteleco?
quer começar por aí?!
já é uma coisa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

só em português.

Saudade de ser pequena, e o chão estar perto demais pra sentir medo.
Saudade de plantar feijão, e achar que poderia a partir desse plantar muitos.
Saudade de acordar e correr pro colo da minha mãe.
Saudade de ficar triste e correr pro colo da minha mãe.
Saudade do colo da minha mãe.
Saudade de empinar pipa e ter a sensação de estar voando.
Saudade de querer voar.
Saudade de pensar em histórias acreditando que aconteceriam comigo.
Querer ser bruxa.
Não querer ser normal.
Saudade de não ser normal.
Saudade de desenhar como quem não tem pressa.
Saudade de não ter pressa.
Saudade de não pensar no tempo, no estresse.
Saudade das poças de lama e bicicleta.
Saudade da natureza que me cercava.
Saudade das férias da escola.
Saudade de achar que eu poderia ser tudo que eu quisesse.
Saudade de acreditar nisso.
Saudade de achar que salvaria o mundo dos homens.
Saudade de não saber que eu mesma sou um.
Saudade de casa como só ela.
Saudades da Loli, Chiquinha, Beleza e Panqueca.
Saudade de não me importar com roupa.
Cabelo.
Moda.
E opiniões.
Saudade de comer e sentir o gosto.
Saudade do Natal de 5 anos atrás.
Saudade da minha avó.
Saudade da minha prima.
Saudade das caveiras, dos monstros.
Do baú de fantasias.
Saudade de saber tocar piano.
Saudade das cartas, e das pessoas que as escreviam.
Saudade dos momentos sem tv.
E principalmente sem internet.
Saudade de brigar por brincadeiras.
Saudades de idolatrar alguém.
Saudade da Saraiva.
Saudade das coisas perdidas.
Saudade daquele colar.
Daquele dia.
Saudade de cantar no carro as 7 da manhã.
Saudade de saquinhos surpresa.
Saudade de surpresas boas.
Saudade dos valores bons.
Saudade de saber o que é isso.
Saber o que sobrou.
E o que realmente sobrou?

Só saudade?...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sandra bullock e a lição de moral

gosto dos anéis,
como se os meus dedos estivessem a passeio.
assim como aquela das botas vermelhas,
não fingindo ser quem não é.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

carinho

tão difícil de dar se não se sente,
mas transborda quando se tem.

tenho.
sinto.
transbordo.

palpável o ar, é quente.
aquece,
anoitece,
amanhece.

e tão logo,
eu sinto falta.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

she muges in her own way

Acho que tem vezes que devemos fechar a boca e ficar quietos, protegendo nossa integridade e o descontrole, nosso total direito de ficarmos calados em troca da liberdade de idéias. Talvez num meio não tão fechado, criar respostas vazias cheias de significado para assim então compreender o mistério e a contemplação que a ironia nos traz.
É como se as respostas fossem assim, feitas ao seu gosto, dirigidas sem propósito, existindo sem obrigação.
Para então acabar, como quem perdeu a atenção por apenas três segundos, e sem desrespeito algum, parecer um devaneio.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

vírgulas.

é como se tudo viesse à tona através de uma só palavra, que de falada, transpirada, ressentida transparecesse todas minhocas na cabeça, e assim no acúmulo de todas minhas mágoas comigo mesma, percebo que assim como nos outros, na visão de fora a fora, todos as neuras que nos são dadas assim que pusemos os olhos no céu, nos dizem depois de muitos anos, dentro e só dentro, para fora, vindo do centro, que por mais que tentemos séculos e segundos atrás, botar a culpa em alguém que não a gente, o inferno, e só ele: está dentro de nós.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

decadência

é saber racionalmente, que se está decadente.
e pior ainda,
saber como cultivar isso.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

fechou os olhos,
fechou a boca,
fechou a porta.

e por mais que isso a apavorasse, trancou-se na sua criada solidão.

domingo, 31 de janeiro de 2010

é isso, se lhe preenche.

Percebo frente aos meus olhos,
aquilo que passa rente a minha alma.

É por não saber o que levar,
consigo então o meu direito,
que fico nesse pesar inquieto,
que perdura horas sobre o meu peito.

Aprendo o inútil por ser mais fácil,
assim como o mundo um dia o fez,
de passo a passo,
de sapo em sapo,
sendo sempre a última da vez.

Mergulho fundo, faço minha sombra,
acho que é uma auto-boicotação...
de querer sempre que o horizonte,
despeje em mim a sua visão.

Sinto a gargante apertada,
como se a voz se intermediasse,
no lugar de onde ela veio,
preso ao vão onde por muito ficasse.

Mas se humana nasci, é assim mesmo que fico.
Sentindo um, achando que ouço o outro.
Trancando meu fim a minha calação,
à minha gastura, meu coração.

Para quase ninguém mais.
Só eu que ouço,
só eu que sinto,
só eu que sei.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

tô de férias

oi
faz tanto tempo,
mas não é por mal,
é pelas férias.

todos precisamos delas,
pra descansar a cabeça.
o corpo,
e cansar do tédio mais uma vez.