sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sabe-se lá como isso aconteceu!

segundo os especialistas,
havia milhões de particulinhas, e bum!
explodiu - lentamente ? - e aqui estamos nós.

segundo os cristãos,
ela foi criada,
por Ele quem a criou,
e em 7 dias,
tchan! aqui nos criamos.

mas ultimamente,
depois do que vi, pensei e sonhei,
penso que tudo começou saudavelmente,
até que alguém,
num ato inesperado de frente para um castelo de cartas,
espirrou.

saúde!

saquinho-surpresa

Hoje,
a solidão com sua roupinha comportada,
feita de terninhos e sapatinhos,
bateu em minha porta e entrou pra tomar um chá.
Enquanto tomava junto com ela,
um bem gostoso de alguma planta verde,
a escutava comentando sobre todos os retratos que existiam na minha sala.
Surpreendentemente,
ela me fazia lembrar, ou acreditar, que eram de fato, apenas retratos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mariazinha caminhava alegremente pela rua quando viu que ao lado dela, as pessoas andavam bem mais rápido. A vida estava mais rápida, concluiu, e era por isso que estavam apressados.
Decidiu começar a andar de bicicleta.
Mariazinha pedalava com tanta felicidade, principalmente quando o vento batia na sua cara e sentia-se como um passarinho, só que ao seu lado, de novo, passavam carros, e eles eram tão mais rápidos.
Era a vida de novo!
Decidiu comprar um carro.
Mariazinha dirigia cantando, pois sentia que quem canta realmente seus males espanta. Mas eram tantas buzinas bravas e surdas e desnecessárias, que não entendia mais o sentido de andar rápido.
E continuou sem entender.
Até que um dia, abriu a porta do carro e se jogou, pra rolar até o primeiro pedaço de grama.
Ficou deitada por exatamente 3 horas lá, tentando escutar o coração da terra e assim entender o seu.
No começo não ouvia nada,
mas no final, entendeu.
Sentiu-se triste no começo, e angustiada que fosse assim.
E foi preciso descalçar os sapatos, soltar os cabelos, e chorar um pouco.
Maria subiu sobre os joelhos, e voltou a apenas andar.







quarta-feira, 18 de agosto de 2010

o último resquício do dia, que eu guardava para acordar amanhã, simplesmente desapareceu enquanto comia uma comida que devia ser muito boa, mas que não era mais.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

e continuando sobre os pés

quanto mais juntos os joelhos ficam da cabeça.
menos sozinhos eles se sentem.
como uma família no escuro,
mas sem velas nem sombras.
Somente os dedos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

sobre seus pés no calor

o bom mesmo, nesse calor de inverno, é deitar bem esticada, e colocar os dois pés pra cima.

só assim, vendo seus dedos todos de baixo, olhando com aquela gracinha misteriosa pra você,
é que você se dá conta do quanto eles são capazes.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

E isso tudo é só medo das pessoas minha filha.
Mas não pense que é só se trancar!
Temos que esconder todos os espelhos também.

As meninas

As duas velhinhas cheias de excentricidades que sempre me visitavam quando a casa estava cheia, olharam bem a fundo de novo dentro das minhas pupilas, e fitaram por mais tempo que o comum.
Depois de cochicharem uma à outra, decidiram que melhor mesmo, seria separar os meus olhos do mar de pessoas. Se cada uma estava em seu próprio barquinho, assim que eu não visse mais nada, acharia que também tinha um.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

baú

O que eu sinto assim, é um sopro.
Um vento muito fino, e leve, que ultrapassa o cabelo por debaixo da orelha;
Um suspiro seco, que atravessa a minha coluna;
E uma voz baixinha, sempre presente no meu ombro.
Ela recita poesias de desespero,
canções de ninar,
e perguntas, cada vez mais retóricas.
Me acolhe quando não quero,
me abraça respirando por mim,
me afoga no piso mais próximo.
Por mais que eu tente agradá-la,
ambas sabemos que nenhum carinho poderá ajudar.
Todas explicações sempre voltarão a mim mesma.
O seu sal, serão meus olhos,
e aquela brisa,
sempre passará por baixo da porta trancada.



domingo, 1 de agosto de 2010

era bonito

Tem vezes que a gente caminha tão pra trás,
que nem sabe direito como era longe esses dois lugares.
Só sabe que o tempo voou,
que a vida correu,
e que as árvores morreram
(porque ninguém mais conta primaveras).

Você era uma criança que corria,
que sentia,
que vivia,
e que sabia.
Sabia muito mais do que sabemos hoje em dia.
E ao sentir, sabia o quanto era simples.
Por que exatamente a gente cresce,
se junto com a gente só cresce coisa ruim ?

Eu queria era ficar por ali,
salva pelos anos,
pela falta de tamanho,
pelo excesso de esperança,
e de mim mesma aqui,
assim,
agora.