terça-feira, 8 de maio de 2012

o vento que passou, não passou, voou

Se achava tão cansado e perdido naquele momento,
de estar cansado e perdido a todo momento,
que não ligava mais se a gravidade não existisse mais naquele planeta.

Então, se pôs a caminhar pelo teto, 
dando pulinhos para ver se sua mão encostava no chão.
Também nadou algumas vezes pela casa,
tentou lavar a louça com sabão flutuante,
e se enrolou por alguns minutos na cortina pra tirar um cochilinho.

Uma hora, com muita seriedade, sentou-se no lustre, e pensou com carinho.
Seria muito ruim, abrir a janela e olhar lá fora?
Seria muito errado, brincar nas árvores e se pendurar nos galhos?
Seria muito inapropriado, sair voando pelo céu, e dar aquele trabalhão pra todo mundo, por ter que ser resgatado de volta?
Decidiu.

Quando deu seu impulso magnífico - era tão magnífico! - em direção à janela,
lembrou-se que precisava fazer xixi, mais do que nunca.
Mas como fazer xixi sem gravidade? 
Não sendo nem um pouco seguro - imagine os perigos! - ele decidiu voltar pro chão,
estabelecer a gravidade,
ir ao banheiro,
para então sentar-se no sofá tentando de novo, e em vão, lembrar o que mesmo que ele ia fazer?

Nenhum comentário: