quinta-feira, 31 de maio de 2012

a natureza sempre gosta de mostrar que está acompanhando a gente.
a gente precisa mostrar que estamos acompanhando ela.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

o mundo, a vida e a morte, nos acompanham até o final.

Entrando num aeroporto,
uma mulher muito simples e um homem a acompanhando,
velho e feliz, foram barrados pela polícia.
Ela carregava uma urna, e ele alegava que aquelas eram cinzas que deveriam ser jogadas no lugar de destino.
Como todo procedimento, trouxeram um cão pra examinar.

O cão olhou, e pensou com estranheza: ela me dá medo, mas me dá segurança.
Ele me dá saudades, mesmo estando aqui.
E a urna...
Ele a cheirou, olhou pro senhor, e sentou-se com a cabeça olhando pra baixo.

Os policiais interpretaram aquilo como sendo um sinal positivo de que ambos falavam a verdade.
Eles então os deixaram passar, e assim aconteceu mais um dia no pacato aeroporto.

Só o cachorro e o casal saberiam, até o final de suas existências,
que o cheiro que vinha da urna, era o mesmo que o do senhor.
E a mulher que o levava, não cheirava absolutamente nada.


terça-feira, 8 de maio de 2012

o vento que passou, não passou, voou

Se achava tão cansado e perdido naquele momento,
de estar cansado e perdido a todo momento,
que não ligava mais se a gravidade não existisse mais naquele planeta.

Então, se pôs a caminhar pelo teto, 
dando pulinhos para ver se sua mão encostava no chão.
Também nadou algumas vezes pela casa,
tentou lavar a louça com sabão flutuante,
e se enrolou por alguns minutos na cortina pra tirar um cochilinho.

Uma hora, com muita seriedade, sentou-se no lustre, e pensou com carinho.
Seria muito ruim, abrir a janela e olhar lá fora?
Seria muito errado, brincar nas árvores e se pendurar nos galhos?
Seria muito inapropriado, sair voando pelo céu, e dar aquele trabalhão pra todo mundo, por ter que ser resgatado de volta?
Decidiu.

Quando deu seu impulso magnífico - era tão magnífico! - em direção à janela,
lembrou-se que precisava fazer xixi, mais do que nunca.
Mas como fazer xixi sem gravidade? 
Não sendo nem um pouco seguro - imagine os perigos! - ele decidiu voltar pro chão,
estabelecer a gravidade,
ir ao banheiro,
para então sentar-se no sofá tentando de novo, e em vão, lembrar o que mesmo que ele ia fazer?