sábado, 25 de setembro de 2010

pegou o pincel

e aí que nela despertou um bloquinho de concreto bem estranho entre as costelas,
que com certeza era um desafio promovido pelos dois partidos vividos dentro dela.
e simplesmente deixar aquilo ir embora,
seria uma falta imensa de consideração com os seus sentimentos,
tão afoitos, presentes, cientes, e ansiosos.
ainda bem que foi sensata,
e nomeou cada um de uma cor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

o desespero do dia.

o nosso tempo certamente não é mais como o dos nossos pais.
não somos como os nossos pais.
estamos vivendo o futuro pelo presente, e o nosso presente não é mais que um constante passado.
aonde vamos parar com isso?
você não sente um desespero?
uma ansiedade inquietante e ao mesmo tempo tão ociosa, capaz de fazer nada?
uma vontade de gritar - pra si mesmo - e começar todas aquelas coisas de segunda-feira!
e as crianças?
o que serão das crianças?
e eu ainda sou uma criança!
então o que eu sou realmente?
uma folhinha de papel bem fininha e transparente?
e o pião, a pipa, e o pneu de balanço?
Elas não conhecem.
caracoles!


domingo, 19 de setembro de 2010

os cute-cutes

uma girafa bem pescoçuda e fofa me lembrou como era fechar os olhos e dormir.
assim como o pintinho gigante e vaca-dálmata.
Um zoológico na minha cabeça.
Mas de fato, animal.

um quadro-negro

Ali havia uma casa com as janelas de vidro abaixadas.
Só entrava luz e não se trocava o ar.
Era a tevê dela.
Era o que era ela.
(Penteava seu cabelo cem vezes antes de dormir.)

Mas de repente, chegou um passarinho, que bicava sua janela.
Pedia pra entrar, pois o vento estava muito forte.
E lá ela já tinha sentido o ar?

A passarinha fez seu ninho, muito bem feito como faziam por ali,
botou 3 ovos, cada um de um jeitinho.
Assim que quebrasse o primeiro por mera coincidência e fatalidade,
a menina saberia o que era vendaval. (Seria horrível, piou).
Assustada, ficou 5 meses de cama.
Disse: Machuquei, me estrepei, e sequer me encostei!

Quando caiu o segundo, por 'descuido de minha asa',
soube então o que era chuva.
Balançada, achava os olhos indecisos.
Um pouco dramáticos. É verdade.

E assim que me trouxe o terceiro,
num prato limpo e arrumado,
quase um espatife organizado,
soube então o que era brisa.

Seus cabelos já se arrumavam sozinhos.
Sua janela era aberta de manhã.
E a casa permaneceu desarrumada.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Praquepá

Há 600 dias, eu decidi que deixaria o capim crescer.
Olhava a minha estrada, e a cada semana, sentia meu pé pinicar.
Gostava de ver.
E nem sabia o porquê!
Esperando pelo o que eu não sabia também,
senti um não-desespero bem acomodado.
Até que, sentada no meu banquinho, no meu círculo de mato,
senti uma tremidinha na terra.
Não era do coração, era da terra!
E aí dei espaço para aquela árvore imensa crescer sobre os meus ombros,
e me levar para o céu.
Quando subi me dei conta, de quantas estradas o capim tinha obrigado formar.
E agora, era só escolher.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ai, o sustento.

ontem,
a chuva veio e lamentou o dia.
hoje,
o sol nasceu e iluminou a tarde.
e à noite,
como toda noite sempre acontece,
veio ontem,
e vem hoje,
pra me pôr pra dormir.

porém,
como se a atmosfera empurrasse todas notícias para os meus joelhos,
sinto eles acordados demais pra poder me deitar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

meus dentes hoje resolveram guardar todas notícias no céu da minha boca.
aí eu respirei.
e me sinto levemente cabeçuda.
hoje é de novo mais um dia seco.
minha piscina ainda está suja
lavar o cabelo e matar o tênis?