sábado, 28 de novembro de 2009

vagarosa, me espreguiço

é que assim,
nesse jeitinho,
de ladinho me aconchego,
pra descansar os olhos vagos,
de quem espera pelo sono,
quero sonhar com o que me guarda,
e mais nada além disso,
pra acordar sobrando tempo,
pois vagarosa, me espreguiço.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

é bom,
como a primeira garfada.
sentaremos ao chão como quem espera que ele nos acolha.
sinto as portas se abrindo,
e a janela chamando.
pode ser que a luz fraca, não seja tão fraca assim.
pode ser que a risada, simbolize o fim.

e são só mais uns tijolos,
dos tantos que ainda virão.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Seu gosto,

é bem do jeito que eu gosto.
Bem do jeito, lamento.

ceu.

domingo, 15 de novembro de 2009

três terços.

Então, que tinha esse velhinho e essa velhinha.
Por mais que eu passasse todos os dias pelo mesmo caminho que eles,
nada que o costume me tentasse,
faria com que eu me acostumasse.
Eram dois velhinhos com um cômodo pra morar.
Quem quer que seja que vivesse por perto, podia até não querer enxergar,
mas ela não deveria ter de por tanta roupa no varal.
E ele não deveria ter que pregar aquelas tábuas.
Eram só dois velhinhos.
E ainda bem que tinham um ao outro.

Até que o velhinho morreu.
E a velhinha ficou sem irmão.
E foi pro asilo, onde não teria família, mas não teria um varal.
Se ela perdeu o motivo pra viver já não sei.
Se ela ganhou uma razão pra descansar, também não sei.

Mas acho que ela morreu um pouquinho quando perdeu uma parte que já era dela.
E eu morri, junto com ela.
Por mais que não fosse meu irmão,
por mais que não fosse parte de mim.
Acho que no final, quem fazia parte dela,
era eu.





quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Se você for viajar algum dia por esse mundão :

leve comida, e leve bastante.
leve coberta, e leve gente.
leve doces, mas não banalize.
leve conforto, e não muito dinheiro.
leve um livro, e espaço para mais.
leve crochê, e tempo pra aprender.
leve panelas, e deixe o medo pra trás.
leve celular, mas cancele sua conta.
leve música, e não fique sem ela.
leve música, mas não viva só dela.
leve roupas, mas não desfile.
leve pijamas, se for preciso.
leve pente, por favor.
leve grampos, elásticos e fita dupla-face.
leve dicionário, e use pouco.
leve tênis, mas confortáveis.
e havaianas, as originais.
leve voz, pra cantar e falar sozinho.
leve protetor solar.
leve óculos de sol, mas de verdade.
leve lápis, e milhões de papéis.
leve vida, mas traga de volta.
leve cultura, e deixe um pouco por lá.
leve relógio, mas não dependa dele.
leve sal, pra salmora pros pés.
leve água, compre água, beba água.
leve ar, pra respirar.





segunda-feira, 9 de novembro de 2009

rd.

Surpresa a si mesmo,
é saber que aquilo que parece tão irreal aos outros,
faz-se assim aos seus olhos também.

É saber que a solidão que remetia apenas a ti,
te traz mais junto ao que então te deixou.

Mais como um abraço por escrito.
Menos que uma carta de amor.